Crítica/ Bonifácio
Bilhões
Figurino de comédia dos anos 70 |
João Bethencourt, autor de Bonifácio Bilhões, em cartaz no Teatro Vanucci em nova montagem
dirigida por Ernesto Piccolo, pode ser considerado, como se definia nas
primeiras décadas do século 20, de um comediógrafo, um prolífero comediógrafo,
com 33 peças em 50 anos de produção. As comédias de Bethencourt, como é próprio
do gênero, trazem comentários sobre os costumes, mais sobre os maus do que os
bons, e em que há sempre lugar para apontar as fraquezas humanas. Bethencourt
tem dramaturgia sólida, seguindo os padrões e a tradição dos clássicos autores do gênero. Bonifácio Bilhões é uma das suas boas
comédias, que sobrevive ao tempo em que foi escrita (1975), a referências da
época (a loteria esportiva) e a situações cômicas baseadas em humor verbal.
Remontar esse texto em 2012 não necessita de adaptações para atualizá-lo, já que sobrevive por suas
qualidades intrínsecas. O diretor Ernesto Piccolo teve a sensibilidade de
mantê-lo tal qual, apenas com algum destaque para a gíria daquele tempo, para a
caracterização física do elenco, através do figurino meio hippie, e no esforço de transmitir aos atores que o humor
surge no equilíbrio entre as
situações e a palavra. A direção procura equalizar o temperamento
interpretativo do trio de atores com destaque para o humor com toques críticos
de Márcia Cabrita, um tanto caricaturais de Tadeu Mello e algo frouxo de José de Abreu.
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