domingo, 26 de janeiro de 2020

Temporada 2020


Há sete anos estreava “Billdog, na extinta Casa da Gávea, texto do inglês Joe Bone. Hoje, no Teatro III do CCBB, com praticamente a mesma equipe, se repete a estrutura dramatúrgica com uns poucos acréscimos, entre eles, o número dois, que anuncia a versão intermediária da trilogia imaginada pelo autor. A crítica publicada em novembro de 2012 não foi retocada pela visão neste janeiro de 2020. A longevidade das duas montagem e da mesma crítica, só nos leva a pensar que a repetição de uma e de outra, nos propõe mais imobilidade do que passagem de tempo da cena teatral carioca.

Crítica/ “Billdog 2”

Apontando para a imobilidade do tempo 

A primeira impressão que esse texto do inglês Joe Bone provoca é a de que o autor circula entre a escrita e a atuação. Propõe contar história policialesca ao estilo das narrativas inglesas do gênero, com recursos de interpretação que variam da mímica à comédia em pé. O ator se desdobra em quase 40 personagens, desafiado a ilustrar a perseguição a um matador profissional. Para tanto, não há o apoio de cenografia ou de qualquer outro elemento além da própria presença do intérprete, que atua, produz ruídos e imagens de objetos e explicita as rubricas através da voz e de movimentos. A ausência de adereços e as habilidades físicas do ator solitário, coadjuvado discretamente por um violonista, são a razão dessa gadget teatral. A versão brasileira, dirigida em conjunto pelo autor e Guilherme Leme, adaptada, traduzida e interpretada por Gustavo Rodrigues, recria em 60 minutos história cheia de detalhes, algo alongada e tediosa, e que se esgota já nos primeiros dez minutos pela repetição histriônica da mímica dramatizada. Rodrigues se desdobra para equalizar o tempo cênico com o tempo de recepção da plateia para que a narrativa possa ser acompanhada com interesse e bem compreendida. Gustavo Rodrigues mergulha no desafio de tornar assimilável a historieta com visível esforço físico. O resultado, sem ser um exercício de estilo interpretativo, é um tour de force respeitável, com muito suor e preparo físico.