quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

46ª Semana da Temporada 2012


Cartazes do Espaço Sesc

Crítica/ Enquanto Estamos Aqui
Ao encontro de dúvidas e confrontos
Seria um espetáculo de dança ou uma montagem teatral? Um exercício de interseção de linguagens ou um híbrido de tudo isso? Enquanto Estamos Aqui é, para além das possibilidades de conceituá-la, a demonstração da procura da individualização de um lugar. A bailarina, coreógrafa e preparadora corporal Marcia Rubin vai em busca de estabelecer pelas dúvidas e confrontos o encontro do movimento com a palavra, da expansão com o limite, da razão com a criação. Nesta performance, em que Pedro Kosovski, ao lado do diretor Marcio Abreu, assina a dramaturgia e que está em cartaz no Mezanino, integram-se tão impalpáveis contornos a áreas fluidas por onde se encaminham as indagações cênicas de Marcia Rubin. Numa mesa-palco, em torno da qual se senta o público e a atriz-bailarina é uma presença a mais na plateia, lança a palavra para descrever o que o movimento poderá criar adiante  como correspondência e pura expressão. Falar com o silêncio e movimentar-se com a imagem é a coreografia dramática que Marcia propõe para dar realidade física ao ponto de chegada, talvez o início de outras proposições, quando “o aqui acontece”, zona criadora de dúvidas e confrontos em estado de ebulição.  


Crítica/ Dizer E Não Pedir Segredo
Frontalidade para desconstruir preconceitos
O Coletivo Teatro Kuny, de São Paulo, traz à Sala Multiuso “pequeno inventário poético e histórico sobre o universo da homossexualidade no Brasil”, segundo a síntese do grupo. A definição é bastante fiel à montagem, que reúne acontecimentos sobre a  formação da identidade de gênero, a construção de preconceitos e as significações que palavras e atitudes adquirem quando camuflam seu real sentido. Sem constituir-se como libelo, muito menos como defesa demarcatória de posição, a montagem dirigida por Luiz Fernando Marques recorre ao bom humor para circunscrever, inventariando, diversas formas que compõem o quadro temático. A moldura, por sua vez, se reveste de divertida e respeitosa integração com a plateia, conduzida pelo clima de franqueza e até de ridículo com que o elenco se expõe, expondo o patético e o grotesco com que o tema, muitas vezes, é tratado social e emocionalmente. A área de representação delimitada por quadrilátero de cadeiras faz com que o público tenha proximidade com os atores, evidenciando o domínio do elenco sobre o material sobre o qual improvisaram as cenas. Luís Gustavo Jahjah, Paulo Arcuri e Ronaldo Serruya são os intérpretes que levam com humor e frontalidade questões que provocam o riso, sem afastar suas implicações.   

                                                          macksenr@gmail.com