Cartazes do
Espaço Sesc
Crítica/ Enquanto
Estamos Aqui
Ao encontro de dúvidas e confrontos |
Seria um espetáculo de dança ou uma montagem
teatral? Um exercício de interseção de linguagens ou um híbrido de tudo isso? Enquanto Estamos Aqui é, para além das
possibilidades de conceituá-la, a demonstração da procura da individualização de
um lugar. A bailarina, coreógrafa e preparadora corporal Marcia Rubin vai em
busca de estabelecer pelas dúvidas e confrontos o encontro do movimento com a
palavra, da expansão com o limite, da razão com a criação. Nesta performance,
em que Pedro Kosovski, ao lado do diretor Marcio Abreu, assina a dramaturgia e
que está em cartaz no Mezanino, integram-se tão impalpáveis contornos a áreas
fluidas por onde se encaminham as indagações cênicas de Marcia Rubin. Numa mesa-palco,
em torno da qual se senta o público e a atriz-bailarina é uma presença a mais na
plateia, lança a palavra para descrever o que o movimento poderá criar adiante como correspondência e pura expressão. Falar
com o silêncio e movimentar-se com a imagem é a coreografia dramática que Marcia propõe para dar realidade física
ao ponto de chegada, talvez o início de outras proposições, quando “o
aqui acontece”, zona criadora de dúvidas e confrontos em estado de ebulição.
Crítica/ Dizer E
Não Pedir Segredo
Frontalidade para desconstruir preconceitos |
O Coletivo Teatro Kuny, de São Paulo, traz à Sala
Multiuso “pequeno inventário poético e histórico sobre o universo da
homossexualidade no Brasil”, segundo a síntese do grupo. A definição é bastante
fiel à montagem, que reúne acontecimentos sobre a formação da identidade de gênero, a
construção de preconceitos e as significações que palavras e atitudes adquirem
quando camuflam seu real sentido. Sem constituir-se como libelo, muito menos
como defesa demarcatória de posição, a montagem dirigida por Luiz Fernando
Marques recorre ao bom humor para circunscrever, inventariando, diversas formas
que compõem o quadro temático. A moldura, por sua vez, se reveste de divertida
e respeitosa integração com a plateia, conduzida pelo clima de franqueza e até
de ridículo com que o elenco se expõe, expondo o patético e o grotesco com que
o tema, muitas vezes, é tratado social e emocionalmente. A área de
representação delimitada por quadrilátero de cadeiras faz com que o público
tenha proximidade com os atores, evidenciando o domínio do elenco sobre o
material sobre o qual improvisaram as cenas. Luís Gustavo Jahjah, Paulo Arcuri
e Ronaldo Serruya são os intérpretes que levam com humor e frontalidade questões
que provocam o riso, sem afastar suas implicações.
macksenr@gmail.com