quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Temporada 2015

Crítica do Segundo Caderno de O Globo (23/12/2015)

Crítica/ “Como eliminar seu chefe”
Mulheres unidas para descartar o chefe

A origem é um filme de 1980, transformando em musical três décadas depois, e que segue o roteiro  das comédias cinematográficas americanas ambientadas em um espaço profissional. Do “Nine to five” das telas a “Como eliminar seu chefe”  do palco, o que mais mudou foi  a ação do tempo sobre a ingenuidade e o inconsequência de uma história passada no escritório de uma empresa em que funcionárias raptam o chefe em resposta às suas atitudes. Neste fiapo de narrativa, com situações que esbarram, involuntariamente, no absurdo, a trilha sonora acrescenta apenas canções inexpressivas e alonga, no limite do desperdício e com coreografia burocrática e diálogos banais, um musical descartável. O mundo empresarial que serve de cenário tem a mesma irrealidade da tipificação das mulheres que se empenham numa tarefa sem qualquer humor e veracidade, para elas e para a plateia. O invólucro que reveste este produto “made in Broadway” se mostra resistente à aclimatação local, não só por suas restritas qualidades, como pela importação sem sintonia com o nosso paladar para comédias musicais. Claudio Figueira administrou a cena para que nada saia do lugar, deixando evidente não pretender inventar ou modificar qualquer outro rumo fora de velhas convenções. Como o material não é lá muito estimulante, talvez a prudência do diretor e coreógrafo possa ter sido a melhor forma de não aumentar os problemas. A direção musical de Liliane Secco e o grupo de músicos mostram correção para pouco mais de uma dezena de canções sem brilho. A cenografia e o figurino de Clívia Cohen preenchem, com alguns percalços, a função de ocupar e colorir o palco. A iluminação de Paulo Cesar Medeiros se ajusta ao quadro. O elenco se esforça para dar vida a situações inconsequentes, com vozes irregulares e movimentos coreográficos básicos. Tania Alves, Sabrina Korgut, Gottsha, Simone Centurione  e Cristina Pompeo procuram, umas com melhor voz, outras com recursos mais restritos de atriz, desempenhar papéis pífios. Fabrício Negri e Leandro Massaferri se apagam em participações quase circunstanciais e Marcos Breda está muito pouco à vontade no registro de humor próximo ao pastelão.