Crítica/ E se Elas Fossem para Moscou? (Filme)
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Um filme que se constrói no palco... |
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e desvenda tensão na tela |
Na sua face cinema, com a
exibição do filme na Sala Multiuso, que tem as suas imagens captadas na
encenação de E se Elas Fossem para Moscou,
que acontece no Mezzanino, se estabelece uma simultaneidade determinada pelo
tempo das ações, separado pela distância física (uma sala fica acima da outra
no Espaço Sesc), aproximando-os pela possibilidade de receber a mesma montagem
filtrada por duas técnicas: cinema e teatro. Ao espectador é oferecida, no
palco, a teatralização do filme, que se constrói como edição da cena que se faz linguagem como preparação (cenário/set,
participação da plateia como figuração
e paralelismo na atuação do elenco) para a obra fílmica. (Leia a crítica sobre a encenação na postagem de 20 de março). São
dois momentos autônomos, mas indissolúveis como elementos que geram criações
interdependentes, tanto que não podem ser vivenciados juntos: separados pela
utilização de dois espaços, unidos pela duração comum. E é exatamente nesta
correlação de tempo compartilhado e espaço a ser conquistado, que a diretora
Christiane Jatahy avança na investigação cine-teatral, que desenvolve há pelo
menos quatro montagens. Baseado em As
Três Irmãs, de Anton Tchekov, a encenação propõe com os meios expressivos
que servem a estruturação do filme, um relativo esmaecimento do núcleo
dramático, no qual as personagens procuram algo que nunca atingem, imobilizadas
por inação emocional. A preparação das cenas, cortadas pela necessidade da
edição de um filme, que se sabe está sendo realizado e que é a razão mesma
deste teatro filmado a que se assiste
no palco, estilhaça a tensão dramática ao ponto de fragmentá-la em quadros que
se montam continuamente para registro das imagens. Ao contrário, ao se ver o
resultado na tela, em que as cenas já estão decupadas, eliminada a presença do
público, dos contrarregras, reduzida a intervenção masculina, e enquadrado o
cenário, a tensão se estabelece com maior intensidade em closes techecovianos. A
forma como os dois planos tornam possível a percepção de forças dramáticas
diversas (mais apagada no teatro e mais condensada no cinema) se reflete,
decisivamente, na avaliação do trabalho das atrizes. Ainda que ao mesmo tempo, as
mesmas atuações ganham outra perspectiva. É possível reavaliar as
interpretações sob a ótica de cada meio:
Julia Bernart se desloca para a área de contracena; Stella Rabello
movimenta-se numa zona de sombra e Isabel Teixeira assume protagonismo de primeiros planos.