terça-feira, 20 de dezembro de 2011

52ª Semana da Temporada 2011


Crítica/ A Agonia do Rei
O humor absurdo de um Ionesco histórico
Este texto de Eugene Ionesco, de 1962, que termina temporada no Teatro dos Quatro, é um exemplar do que se convencionou definir como “teatro do absurdo”. E, realmente, o é. O rei, próximo da morte, que não percebe que seu poder está perdido pela decadência, continua a tentar exercer sua autoridade, desmentida pelos que estão à sua volta e pela farsa que provoca. Não é muito fácil encenar Ionesco nos dias que correm. Afinal, o que a sua dramaturgia trazia de inovador e de relativa petulância em relação à tradição literária francesa, se diluiu ao longo de cinco décadas, e hoje se limita ao registro dramatúrgico histórico. A Agonia do Rei, em especial, é uma evidência da passagem do tempo. Evidencia-se o peso da verborragia do texto e a desconstrói-se o absurdo da trama. O diretor Dudu Sandroni intenta reavivar a narrativa, impondo-lhe toques de humor que, ao contrario de ampliar o absurdo, o esvazia. O cenário de Lidia Kosovsky tira partido de panejamento vermelho para criar, com reduzidos, mas eficientes recursos (espelho, planos alternados) vaga suntuosidade decadente. No elenco se destacam Ednei Giovenazzi e Kelzy Ecard, em interpretações bem sintonizadas com a proposta da direção.   


Cena Curta
Julia, montagem de Christiane Jathay, recebeu três indicações
Foram escolhidos os finalistas do segundo semestre da temporada 2011 da 24ª edição do Prêmio Shell de Teatro nas oito categorias em disputa:
Autor: Rodrigo Nogueira (Obituário Ideal) e Eduardo Bakr (4 Faces do Amor).
Diretor: Inez Viana (Amor Confesso), Christiane Jatahy (Julia) e José Wilker (Palácio do Fim)
Ator: Rafael Primot (Inverno da Luz Vermelha) e Gracindo Jr. (Judy – O Fim do Arco-Íris)
Atriz: Claudia Netto (Judy – O Fim do Arco-Íris), Dani Barros (Estamira) e Vera Holtz (Palácio do Fim)
Música: Liliane Secco (direção musical e arranjos de 4 Faces do Amor) e Warley Goulart (direção musical de Não Me Digas Adeus)
Cenógrafo: Marcelo Lipiani (Julia) e Daniela Thomas (Inverno da Luz Vermelha)
Figurinista: Marcelo Pies (Judy – O Fim do Arco-Íris) e Beth Filipeck e Renaldo Machado (Palácio do Fim)
Iluminação: Maneco Quinderé (Palácio do Fim) e Fernanda Mantovani (Breve Encontro)
Categoria Especial: Tablado pelos 60 anos de atividades e a adaptação de Senhorita Julia, de Strindberg, por Christiane Jathay.

Barbara Heliodora recebe homenagem especial pelo exercício da crítica teatral ao longo dos últimos 54 anos. 

                                                          macksenr@gmail.com