Crítica/ A Agonia do Rei
O humor absurdo de um Ionesco histórico |
Este texto de Eugene Ionesco, de 1962, que termina temporada no Teatro dos Quatro, é um exemplar do que se convencionou definir como “teatro do absurdo”. E, realmente, o é. O rei, próximo da morte, que não percebe que seu poder está perdido pela decadência, continua a tentar exercer sua autoridade, desmentida pelos que estão à sua volta e pela farsa que provoca. Não é muito fácil encenar Ionesco nos dias que correm. Afinal, o que a sua dramaturgia trazia de inovador e de relativa petulância em relação à tradição literária francesa, se diluiu ao longo de cinco décadas, e hoje se limita ao registro dramatúrgico histórico. A Agonia do Rei, em especial, é uma evidência da passagem do tempo. Evidencia-se o peso da verborragia do texto e a desconstrói-se o absurdo da trama. O diretor Dudu Sandroni intenta reavivar a narrativa, impondo-lhe toques de humor que, ao contrario de ampliar o absurdo, o esvazia. O cenário de Lidia Kosovsky tira partido de panejamento vermelho para criar, com reduzidos, mas eficientes recursos (espelho, planos alternados) vaga suntuosidade decadente. No elenco se destacam Ednei Giovenazzi e Kelzy Ecard, em interpretações bem sintonizadas com a proposta da direção.
Cena Curta
Julia, montagem de Christiane Jathay, recebeu três indicações |
Foram escolhidos os finalistas do segundo semestre da temporada 2011 da 24ª edição do Prêmio Shell de Teatro nas oito categorias em disputa:
Autor: Rodrigo Nogueira (Obituário Ideal) e Eduardo Bakr (4 Faces do Amor).
Diretor: Inez Viana (Amor Confesso), Christiane Jatahy (Julia) e José Wilker (Palácio do Fim)
Ator: Rafael Primot (Inverno da Luz Vermelha) e Gracindo Jr. (Judy – O Fim do Arco-Íris)
Atriz: Claudia Netto (Judy – O Fim do Arco-Íris), Dani Barros (Estamira) e Vera Holtz (Palácio do Fim)
Música: Liliane Secco (direção musical e arranjos de 4 Faces do Amor) e Warley Goulart (direção musical de Não Me Digas Adeus)
Cenógrafo: Marcelo Lipiani (Julia) e Daniela Thomas (Inverno da Luz Vermelha)
Figurinista: Marcelo Pies (Judy – O Fim do Arco-Íris) e Beth Filipeck e Renaldo Machado (Palácio do Fim)
Iluminação: Maneco Quinderé (Palácio do Fim) e Fernanda Mantovani (Breve Encontro)
Categoria Especial: Tablado pelos 60 anos de atividades e a adaptação de Senhorita Julia, de Strindberg, por Christiane Jathay.
Barbara Heliodora recebe homenagem especial pelo exercício da crítica teatral ao longo dos últimos 54 anos.
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