A House in Asia abre a mostra curitibana |
Em 24 edições, sem qualquer descontinuidade, o
Festival de Curitiba estabeleceu um padrão para mostras nacionais. Em 1992,
grupo de jovens curitibanos, com pouco lastro empresarial e tradição cultural,
fizeram surgir na capital paranaense evento que atualmente alcança números que
no início não se imaginaria alcançar e repercussão de efeito multiplicador. Forjado
em marketing nacional e curadoria que se desenhava como carnê dos espetáculos
dos mais destacados encenadores dos anos 90, o festival contabilizou, na sua
primeira década, sequência de montagens do Rio e de São Paulo, numa
concentração em nomes consagrados e emergentes. De José Celso Martinez Correia
a Gerald Thomas, de Moacyr Góes a Gabriel Villela, de Antunes Filho a Bia Lessa
e Felipe Hirsch, e dos grupos Galpão ao Teatro da Vertigem, do Tapa a Cia
dos Atores, havia um revezamento anual de posições na grade de programação. Com
pouca variação no elenco, a novidade se
restringia ao anúncio de estreias como forma de arriscar em meio a
previsibilidade e de eventuais surpresas em montagens de fora do eixo RJ-SP. A
primeira grande viragem aconteceria em 1998 com a criação do Fringe, mostra
paralela, que a exemplo da original do Festival de Edimburgo, na Escócia, ocupa,
ainda hoje, a totalidade das salas da cidade, com mais de 300 espetáculos. Apenas
com apoio logístico do festival na cessão dos teatros, os participantes do
Fringe engordaram a tal ponto que parece ter assustado o público, cada vez mais
arredio e magro. É neste período em que
se consolida como mostra, estrutura a programação e se transforma em modelo para vários outros festivais que
surgem pelo país, seguindo, com variantes regionais e autonomia curatorial, a formatação
curitibana. O gigantismo crescente, com a inclusão de série de stand-ups do
Risorama, dos show de mágica e circo do Mish Mash, das apresentações ao ar
livre de Na Rua e de teatro infantil do Guritiba, infla ainda mais a bolha de
ar que envolve a mostra principal. O Festival de Curitiba é um projeto amadurecido,
que atingiu números expressivos e ampla projeção, mas que começa a sentir a
necessidade de buscar um ponto de inflexão que reforce suas origens e redirecione
a sua programação. Tudo indica, pelos sinais apontados pela diretor do
festival, Leandro Knopholz, que o
caminho está em contrabalançar montagens brasileiras com internacionais num
diálogo intercultural, que oxigena e revitaliza.