Cortinas se
Abrem para Novos Palcos
2013 se inicia com boas perspectivas em relação à
inauguração de casas de espetáculos, uma carência grave que tem marcado as
últimas temporadas, influindo, decisivamente, na duração das montagens em cena
(a média não ultrapassa três semanas) e até mesmo na estrutura de produção (os
patrocínios aumentam sem que os espetáculos contemplados tenham condições de
encontrar espaços disponíveis para cumprir as datas dos editais). O quadro se
mantém com poucas variações, desde que os repetidos incêndios do Villa-Lobos o
eliminou do circuito, enquanto o Glória foi demolido na reforma do hotel que levava
seu nome. O Copacabana é uma lembrança nostálgica e a postura municipal que
obriga os novos shoppings centers a ter um teatro parece que caiu na rede
daquelas leis que não pegam. O antigo
Fênix que foi derrubado no Centro, transferido para o Jardim Botânico com a
promessa de ser ativado, se transformou em estúdio de televisão e hoje se
tornou mais um edifício residencial do bairro.
As boas notícias estão chegando devagar, mas de
maneira crescente e animadora. Depois de reformado, o Teatro Ipanema se integrou
à vida teatral da cidade com programação renovada, e o decadente e tradicional
Teatro Serrador está sendo requalificado por uma ocupação extensa e bem planejada.
O ex-cine Imperator, no Méier, foi reformado e transformou-se em centro
cultural com temporadas curtas de espetáculos já apresentados no centro e na
zona sul.
A CAL inaugurou seu pequeno teatro na Glória (são
100 lugares), que foi batizado com o nome de Sergio Britto, com possibilidades
de ser palco para produções extramuros da escola de teatro. A livraria Cultura,
que foi aberta na área do antigo cinema Vitória, na Cinelândia, repetirá a criação
de salas semelhantes existentes em suas outras filiais. No Teatro Eva Herz,
com pouco menos de 200 lugares, a
programação, muito bem selecionada pelo ator Dan Stulbach, seguirá a mesma
linha, e aguarda-se com o mesmo êxito, das escolhas paulistas. Ainda na
Cinelândia, o cinema Palácio, com a sua exuberante arquitetura, foi adquirido
por forte grupo econômico que promete reformá-lo para adequá-lo às exigências
de um teatro. Duas entidades culturais estão ultimando as negociações para
reabrir um teatro na Glória e inaugurar outro na Tijuca. A exemplo do que
possui em São Paulo, o Bradesco abre este ano seu teatro, com mais de mil
lugares, no Village Mall, na Barra da Tijuca. E se repetir o modelo da casa
paulista terá programação voltada para os musicais e plateia para mais de mil
lugares.
Musicais
Continuam como Apostas de Bom Público
2012 foi mais um ano em que os musicais
garantiram presença nos palcos e confirmaram suas apostas em boas bilheterias.
Na largada dos novos cartazes do gênero, foram herdados da temporada recém
encerrada, vários títulos como: Alô!
Dolly, Tim Maia – Vale Tudo, O
Musical, Milton Nacimento – Nada Será Como Antes – O Musical, Gonzagão – A Lenda e até um exemplar
dedicado às crianças, Shrek – O Musical, todos
com robusta resposta de público. Já nestes primeiros dias do ano, temos
novidades. Rock in Rio, musical
escrito por Rodrigo Nogueira, abre a polêmica Cidade das Artes, enquanto A
Família Adams chega de São Paulo, depois de meses de casas lotadas.
Ainda este mês estreia Ary Barroso do
Princípio ao Fim, escrito e dirigido por Diogo Villela. A dupla Charles
Möeller e Claudio Botelho, que se transfere para São Paulo para comandar
artisticamente empresa
de divertimento, inicia em março no Rio a temporada de Como Vencer na Vida Sem Fazer Força, o mesmo musical que foi montado por Victor Berbara em 1963, com
Procópio Ferreira e a jovem Marília Pêra. E o público adolescente está sendo
igualmente cortejado com Tudo Por um Pop
Star, musical assinado por Thalita Rebouças. Esta escalada da boa relação entre
bilheterias e musicais, asseguram produtores, coloca o Brasil (Rio-São Paulo) na
terceira posição no mundo no número de encenações, depois dos criadores do
estilo, a Broadway e o West End. Espera-se que o mercado tenha fôlego para
manter esse lugar no ranking.
Janeiro Abre a Agenda dos Festivais
A
temporada de festivais de 2013 já começa nos próximos dias. O primeiro deles é
O Janeiro dos Grandes Espetáculos, que em sua 19ª edição ocupa os teatros de
Recife, Olinda, Caruaru e Arcoverde, do dia 8 ao 27. Na capital
pernambucana serão apresentados 49 espetáculos, a maioria do Nordeste,
mas com a participação de montagens de outros estados, como do Rio (O Filho
Eterno e Canastrões) e internacionais, vindas de Dinamarca (Odin
Theater), Espanha, Itália, Argentina e Coréia do Sul. O Grupo Magiluth,
de Recife, apresentará a sua versão de Viúva, Porém Honesta de Nelson
Rodrigues e o veteraníssimo Teatro Amador de Pernambuco reviverá o seu êxito
histórico de 50 anos, reproduzindo a montagem original de Waldemar de Oliveira
de Um Sábdo em 30. E o diretor
carioca Moacir Chaves volta a apresentar a sua encenação recifense de Duas
Mulheres em Preto e Branco. O grupo Clown de Shakespeare, do Rio Grande do
Norte, faz a estréia nacional de Hamlet,
com direção de Marcio Aurélio. É o espetáculo que provoca maior
expectativa. A agenda dos festivais marca o próximo encontro em Curitiba, de 26
março a 7 de abril, quando o tradicional
festival da capital paraense completa 22 edições.
macksenr@gmail.com