quinta-feira, 28 de julho de 2011

Festivais


Festival de Teatro da Língua Portuguesa


Unidade de Idioma e Babel de Linguagem

Novecentos: tradução lusa de obra italiana
O Festival da Língua Portuguesa, que se realiza esta semana, chega à quarta edição, trazendo ao Rio espetáculos dos países de língua oficial portuguesa e da Galícia. Demonstração de obstinada e persistente intenção em manter  mostra internacional, que reúne identidade linguística da produção cênica de países, muitas vezes, ligados apenas pelo idioma comum, o Festlip confirma seus bons propósitos. O que nem sempre o livra das dificuldades que o seu  conceito propõe. A permanência da mostra, que a cada ano encorpa com a participação de grupos oriundos de todos os países lusófonos, como aconteceu na terceira edição, não sustenta o fôlego da programação. Este ano, países como Timor Leste, São Tomé e Príncipe e Guiné Bissau não puderam vir ao Rio apresentar a sua modesta produção em artes cênicas, não só por falta de recursos, como pela quase inexistência de grupos, minimamente estabelecidos em culturas sem tradição teatral. O que se pode ver, nesta e nas anteriores edições, são montagens africanas, algumas delas mais voltadas para a dança, fincadas em bases folclóricas. E tantas outras com elementos teatrais um tanto rudimentares e de temática ingenuamente social. O Feslip tem promovido, através de oficinas e encontros, tentativas de colaborar no estabelecimento de grupos em Cabo Verde e Moçambique. Há dois anos, veio à mostra um exemplar deste país, bastante primário em sua concepção, mas que tentava traduzir, a seu modo algo canhestro, a oralidade da ficção de Mia Couto. De mesma origem, este ano podem ser vistos espetáculos que tratam da questão da mulher e da miséria na sociedade de Moçambique. O teatro angolano, a julgar pelas demonstrações trazidos ao festival, ainda está num estágio amadorístico, com dramaturgia hesitante entre o realismo de situações cotidianas e interpretações pouco elaboradas. Se no ano passado, o grupo português A Barraca fez inventário cênico sobre a diáspora portuguesa em Agosto – Contos da Emigração, agora da mesma nacionalidade pode ser vista Novecentos – O Pianista do Oceano, da companhia Peripécia, que tenta traduzir, de maneira um tanto frustrada, a obra do italiano Alessandro Baricco. A representação brasileira, de certo modo, desenha o espírito da curadoria do festival. Cor do Brasil, “teatro-imagem, coreografia e músicas ilustram situações cotidianas da luta do homem negro pelo direito de ser reconhecido e respeitado”, em produção do Centro do Teatro do Oprimido. E  Ana e o Tenente, da Íntima Companhia de Teatro, procura “investigar de forma bem humorada a ânsia humana por comandar as circunstâncias externas”.     
   

Cenas Curtas

De 3 a 28 de agosto  se realiza, pela primeira vez, o Festival Bahia em Cena, que distribui por oito teatros de Salvador espetáculos produzidos na cidade, acompanhados de debates e palestras. Entre as montagens está a estréia de Sargento Getúlio, baseado no livro de João Ubaldo Ribeiro escrito e dirigido por Gil Vicente Tavares e interpretado por Carlos Betão. Entre as peças que participam estão as premiadas Sebastião, Uma Vez Nada Mais, As Velhas, Pólvora e Poesia, O Melhor do Homem, Os Sonhos de Segismundo. Após a apresentação dos espetáculos em Salvador, o Festival Bahia Em Cena promoverá a circulação dos espetáculos por outras capitais. Em setembro, o projeto traz Pólvora e Poesia ao Rio; O Melhor do Homem irá a São Paulo e Sargento Getúlio a Fortaleza.

No dia 5 de agosto começa a primeira fase do festival Tempo, a mostra carioca com curadoria vigorosa, que resulta em programação sempre instigante. O espetáculo que abre esse primeiro tempo é Trabalhos de Amor Quase Perdidos,  de Pedro Brício, além da apresentação dos processos de trabalho do diretor Aderbal Freire-Filho e da companhia Teatro Inominável, com a montagem Como Cavalgar um Dragão, texto e direção de Diogo Liberano. A segunda fase acontece em setembro com vários espetáculos, nacionais e internacionais, entre eles os vindos da Argentina, Espanha e França.

A 11ª edição do Festival Cena Contemporânea de Brasília, que acontece de 23 de agosto a 4 de setembro, selecionou 31 atrações internacionais, nacionais e locais. O Teatro Línea de Sombra apresentará Amarillo que trata da travessia ilegal da fronteira que separa o México dos Estados Unidos. O Hermanos Oligor, da Espanha, mostrará Las Tribulaciones de Virginia, enquanto o Teatret Om da Dinamarca trará 79’Fjord – Expedição ao Desconhecido

O 18ª Festival de Teatro do Rio, promovido pelo Centro Cultural Veiga de Almeida, que a partir de 9 de agosto ocupa o Teatro Laura Alvim, este ano homenageia o ator Pedro Paulo Rangel. Reunindo sete montagens de grupos do Rio, Mato Grosso, São Luís, Brasilia e Angra dos Reis, a mostra programou, após cada apresentacão, debates com diretores e atores profissionais. Todas as apresentações têm entrada franca.    


                                                         macksenr@gmail.com