segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Temporada 2016

Crítica do Segundo Caderno de O Globo (7/8/2016)

Crítica/“Cinderella”
Diversão infantil que evoca lembranças adultas

Os musicais se consolidam, em sucessivas temporadas, com presença influente no mercado teatral. As produções, não somente se multiplicam em número, como refletem o amadurecimento técnico e artístico de equipes cada vez mais capacitadas para as exigências do gênero. “Cinderella”, de Rodgers & Hammerstein, produto importado com características marcantes de origem, integra esse fluxo, numa demonstração de prática criativa e recepção familiarizada da plateia. Por esses dois planos, circulam a tradução de Claudio Botelho,  a direção de Charles Möller, e a tradicional história da menina redimida por um sapatinho de cristal. Musicada e com reajustes narrativos, a Gata ganha alguma autonomia em relação ao borralho, e a magia de caçadas e abóboras se transformam em projeções. Os elementos do conto de fadas e a féerie da comédia musical estão preservados em suas próprias características, sem incomodar os nostálgicos e perturbar os aficionados. Mesmo que a música de Richard Rodgers e as letras de Oscar Hammerstein II não tenham o mesmo brilho de outras composições da dupla, são agradáveis e servem à fantasia romântica do final feliz. A valorização da trilha pela direção musical e regência de Carlos Bauzys, e a redundância de movimentos da coreografia de Alonso Barros, reforçam os aspectos reminiscentes da história. Ainda que o cenário de Rogério Falcão e os figurinos de Carol Lobato procurem não fugir ao tradicional, referendam com eficiência lembranças iconográficas de imagens semelhantes tantas vezes vistas. A capacidade do elenco em corresponder às exigências de voz e dança se evidenciam em atuações bem compostas. Com sonora adaptação de Claudio Botelho e comportada direção de Charles Möeller, a montagem cumpre o papel de divertimento que flerta com o infantil e evoca memórias  aos adultos.