Musicais na
Ponte Aérea
São Paulo
Crítica/ A
Madrinha Embriagada
Nonsense de um vôo anacrônico aos anos 20 |
O Teatro Sesi da capital paulista decidiu se
integrar à onda dos musicais e convidou Miguel Falabella para dirigir a sua produção no gênero nas últimas décadas. A escolha recaiu sobre um
exemplar americano nostálgico e um tanto anacrônico e de prosaico e pouco
atraente título. A historieta com apelos nonsense
é comentada por narrador que ao situá-la, procura revelar os truques dos
musicais, aproveitando os detalhes um tanto absurdos e implausíveis para
brincar com os bastidores do espetáculo e os códigos da cena. Tudo com muitas
reservas para não ultrapassar os limites dos preceitos do musical, e
perseguindo o tom de humor entre malicioso e ingênuo. Falabella adaptou a trama
ao teatro paulista dos anos 20, com citações a casa de espetáculo local e a
lembrança de atrizes e empresários de nomes evocados. A estética do cenário e
do figurino se aproxima tanto das obras de Tarsila do Amaral quanto do filme Voando para o Rio acompanhando épocas
próximas nas roupas pinturas de parede dos casarões senhoriais e até em
geladeira da década de 50. Essa liberdade de misturar estilos se segue na agilidade
com que a direção impulsiona a tênue ação cômica e na agradável e descartável
trilha sonora. Apesar do esforço de Ivan Parente, a sua presença como narrador
se torna insinuante demais. Stella Miranda repete-se numa chave cômica, mas
sustenta bem as canções. Kiara Sasso e Saulo Vasconcelos estão melhores como
cantores do que como atores. Ivana Domenyco cria boa figura, enquanto Frederico
Reuter é o típico galã. Os padeiros Rafael
Machado e Daniel Monteiro fazem dupla divertida. Sara Sarres, além de sua bela
figura, é ótima cantora e segura intérprete. Uma atriz com brilho. A montagem,
que é oferecida gratuitamente ao público de São Paulo, tem previsão de
permanecer em cartaz até junho do próximo ano. É uma grande aposta no sucesso
de um musical de características um tanto anacrônicas.
Rio
Crítica/ Meu
Amigo Bobby
A moda pegou. Atualmente, os musicais parecem
atrair empresários e público com expectativas diferentes. Lançam-se montagens
que tentam se aproveitar do fluxo de estréias (este ano, bem menor do que os
anteriores) para disputar o mercado com subprodutos do gênero, ao que parece,
unicamente para surfar na onda comercial. Meu
Amigo Bobby é um bom exemplo desta estratégia
fadada ao fracasso na origem. Essa marolinha
musical é uma produção da Orquestra Brasileira de Sapateado, que reuniu
alguns de seus componentes, utilizou roteiro de Tim Rescala e convidou para a
direção Cininha de Paula, o que resultou na montagem em cartaz no Teatro do
Fashion Mall. É difícil compreender a coragem de profissionais em assinar tão
precária criação, na qual o fiapo de trama, a inexpressividade da trilha
musical e a limitação dos atores-sapateadores evidenciam tão-somente relação
constrangedora com a plateia. A impressão deixada por tal empreitada, é a de
que Meu Amigo Bobby é um ato de
voluntarismo artístico de quem deseja estar em cena a qualquer custo e risco, e
oportunismo de aderir ao modismo dos musicais de olho no caixa da bilheteria.
Será difícil alcançar, minimamente, qualquer dessas intenções.
macksenr@gmail.com