sábado, 3 de março de 2012

Cenas Curtas


Cortinas reabertas
Clarice Niskier: monólogo com alma
A rede de teatros cariocas se recompõe vagarosamente, mas com bom rumo. Ainda que a reforma do Villa Lobos se arraste, depois de dois incêndios, e que tantas outras salas permaneçam, ou fechadas ou demolidas, há compensações. O Tereza Rachel será aberto no final do mês, com duas salas (a maior com 700 lugares e a menor com 200). O Serrador, que está sendo reinaugurado, e a compra do Ipanema pela Prefeitura são alentos pela possibilidade de integrá-los ao circuito com programação de bom nível. O Serrador, depois de decadência de décadas e de se manter fechado nos últimos três anos, reabre sob a coordenação da Cia. Alfândega 88. Com direção de Moacir Chaves, a nova ocupação da sala da Senador Dantas, até o final do ano, tem início com montagens consagradas – Alma Imoral e A Descoberta das Américas -, o infantil Joaquim e as Estrelas, e a estréia de A Negra Felicidade, inédita da Cia. Alfândega 88, que inicia temporada no dia 4 de abril. O Ipanema, que também estava mergulhado numa fase inexpressiva, bem distante da vitalidade criativa dos anos 70, está de volta sob a responsabilidade artística de Diogo Nogueira, o que garante programação criteriosa e espaço para a nova dramaturgia carioca.


Bilheterias Cantam
Marisa Orth: Mortícia da televisão
A febre dos musicais não arrefece. A temperatura de estréias continua alta. Atualmente em cartaz no Rio, Emilinha e Marlene, As Mimosas da Praça Tiradentes e Xanadú garantem boas bilheterias, em mais uma demonstração de que as bilheterias se reconciliaram com o gênero, o que provoca efeito multiplicador, e algumas vezes de desperdício, já que se importam alguns exemplares, completamente dispensáveis. Recém estreada em São Paulo, a comédia musical A Família Adams, baseada no seriado de televisão, com Marisa Orth e Daniel Boaventura na linha de frente do elenco, ocupa o Teatro Abril. Ainda este mês, na capital paulista, iniciam temporada no Teatro Bradesco, Priscilla – A Rainha do Deserto, e Fama, ambas baseadas em produções do cinema. A dupla incansável Charles Möeller e Cláudio Botelho – são pelo menos três montagens por ano – ensaia O Mágico de Oz  e projeta Rock in Rio (seleção de músicas das quatro primeiras edições do mega evento) e Verônica ou 13, continuação do original da grife 7.  O Rio também tem musicais a estrear ao longo do ano, como Grey Gardens – O Musical, direção de Wolf Maya, com Totia Meirelles, previsto para o Parque Laje. E biografias, como Ary Barroso – Do Princípio ao Fim, e Michel & Eu e revival  atualizado da Revista de Ano, de Arthur Azevedo.


Palco e Tela
Bárbara Heliodora: curta e prêmio
Bárbara Heliodora, crítica, professora, ensaísta, recebe aos 88 anos homenagens pela sua competência e autoridade ao longo de mais de cinco décadas de atividades intelectuais ininterruptas. O reconhecimento da crítica teatral do jornal O Globo é marcado pela escolha como homenageada pela 24ª edição do Prêmio Shell de Teatro, “pelo exercício da crítica teatral ao longo dos últimos 54 anos”. A festa de entrega será no dia 13 no Complexo Victoria do Jockey Clube Brasileiro. E no festival É Tudo Verdade, que acontece a partir do dia 22 em várias salas de cinema, está programada a exibição, na mostra competitiva de curtas, de Bárbara em Cena, direção de Ellen Ferreira. Com depoimentos de atores, diretores, jornalistas e amigos é traçado retrato de Bárbara, não só como crítica, mas como alguém que possui grande sentido de humor. O documentário foi realizado por equipe de universitárias, de 21 a 23 anos, que depois de “muitas conversas, visitas e trocas de emails, Bárbara confiou em nós e viu que estava segura em se permitir abrir para um grupo de estudantes de cinema, e que poderíamos ser chamadas de suas netas.

                                                   macksenr@gmail.com