quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Temporada 2017

Crítica do Segundo Caderno de O Globo (23/8/2017)

Crítica/ “Rio mais Brasil”
Musical entre a exaltação e a enxertos críticos 


“Rio mais Brasil”, o intrigante título do espetáculo com texto e letras das canções originais de Renata Mirzrah, e direção de Ulysses Cruz, até se justificaria pela interpretação, sem parâmetros, do que os seus criadores imaginam ser um musical. Há um libreto em que as agruras da produção e seleção de elenco de filme, baseado em trechos do livro  de Darcy Ribeiro, “O Povo Brasileiro”, apoiam narrativa rotineira para introduzir as canções. Vindos de vários pontos do país, os jovens atores se apresentam nos testes, como figurantes de um caldo cultural, em que os diálogos fracos, e a pretensão forte, derrubam o interesse, levado pela monotonia da repetição. Cada uma das partes do desenvolvimento cênico, não se integra na sucessão dos quadros, que lembram um show exaltação, com desencontrados enxertos críticos. O diretor segue o roteiro frágil, indeciso entre exibir e comentar. Fica a meio de marcas frontais e evoluções coreográficas, ambas de invenção tímida, provocando dispersão crescente, agravada pela longa duração do que se pretende apresentar como musical. Nesta desconexão dos elementos, a equipe tenta construir imagem de  espetaculosidade e revigorar as muitas fragilidades da montagem. Mesmo que a coreografia se atualize, reproduzindo o estilo da dança do passinho e o figurino vista com muita cor os atores, são eles que impulsionam, bravamente, as cenas. Melhores como cantores, o destaque das vozes se concentra no quarteto: Nando Costa, Késia Estácio, Danilo de Moura e Edmundo Vitor.