Crítica/ Edukators
Jovens presos à velha e desatualizada discussão |
O filme alemão, da qual versão teatral está em cartaz
no Oi Futuro do Flamengo, propõe revisão sobre o ativismo político da juventude
nos anos 2000. A rebeldia das gerações às portas da idade adulta é um clássico que se atualiza na medida em
que as condições sócio-políticas modificam o contexto para o confronto com o
estabelecido. Em Edukators, o cenário
é de uma Alemanha com os cofres abastecidos por economia pulsante, que rebate
em jovens que contestam os meios pelos quais os mais ricos conseguiram a riqueza.
Sem recorrer à violência, promovem invasões às casas, desarrumam cômodos, jogam
móveis em piscinas, lançam mensagens e palavras de ordem contra os ricaços, mas
sem roubar coisa alguma. Os três jovens que invadem a mansão de empresário são
surpreendidos pela chegada do proprietário, e sem alternativas e frágeis em sua
fundamentação ideológica, resta-lhes transformar o homem em refém. A partir de
então, é estabelecida a contradição entre o trio, que sem saber o que fazer com
o prisioneiro, se desestabiliza, iniciando debate sobre a sua prática educativa com o empresário. Esse
quadro, que no filme e na sociedade de origem pode atingir maior abrangência,
na adaptação teatral desaparece, já que a ambientação se torna secundária e
esquecida, reduzindo-se à trama. Por mais que Rafael Gomes, que assina a
adaptação e a dramaturgia, siga a estrutura do filme, não consegue aclimatar a
narrativa a palpável proposição dramática. Gomes tem dificuldades em dar
vitalidade à argumentação rala dos
jovens. O diretor João Fonseca explode a montagem, no início, para a área do
bar do teatro. Ao transferi-la para a sala de espetáculo, o público mantém-se
estimulado pelo cenário de Nello Marrese, que envolve o palco com atmosfera vagamente
realista, sustentando um estranhamento visual que parece, neste primeiro
momento, ser a marca do espetáculo. Mas o desenvolvimento da ação, apenas
reitera velha e requentada discussão, pretensamente ideológica e fragilmente
política, e que, ainda assim, pouco ou nada se traduz em cena, a não ser pela indiferença
crítica como é tratada pela direção. Os jovens
do elenco – Fabrício Belsoff, Natália Lage e Pablo Sanábio – fazem miméticos papéis
de jovens. Edmilson Barros fica à distância de qualquer imagem que se tenha de
um empresário endinheirado alemão.
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