quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

40ª Semana da Temporada 2013


Crítica/ Feliz Por Nada
 
Contraponto masculino para jogo feminino
A adaptação teatral de livro de Martha Medeiros, em cartaz no Teatro das Artes, captura o espírito da escrita da autora gaúcha. Cronista da vida contemporânea, registrando as transformações de comportamento e buscando “falar com o leitor”, Martha interpreta desejos e frustrações, capta impressões, estabelece conversas. Em Feliz Por Nada trata da amizade feminina construída na convivência das diferenças, perturbada por presença masculina potencialmente desagregadora. Com trama que não se caracteriza pela coerência de atitudes e pelo traço menos esquemático das personagens, o texto em cena, assinado por Regiana Antonini, se assemelha a compilação de conselhos  de revistas femininas de como as mulheres devem enfrentar as dificuldades afetivas. As amigas que se encontram no aeroporto de Tóquio, e a partir de então desenvolvem relacionamento sustentado, não se sabe muito bem em que, se tornam vozes para demonstrar as peculiaridades de personalidades unidas pelo eterno femininoCom material dramatúrgico pouco estimulante, o diretor Ernesto Piccolo seguiu a compartimentação das cenas entre monólogos explicativos, e diálogos reiterativos, e centrou nas duas atrizes a possibilidade de dar mais agilidade aos quadros. Sem qualquer cenário, e utilizando o palco largamente horizontalizado, Piccolo provoca um entra e sai, que complementa com tentativas de ocupar a totalidade do espaço, com o uso do fundo e do proscênio, o que não resulta, mesmo com a contribuição da luz de Aurelio di Simoni. A participação de Felipe Cunha, quase episódica, é o frágil contraponto masculino para que Luiza Thiré e Cristiana Oliveira reproduzam o tênue jogo feminino do texto. Ambas, com bons momentos de humor e alguma tensão um tanto deslocada, conseguem projetar as diferenças e afinidades das amigas em atuações convencionais, mas convincentes.

                                                macksenr@gmail.com