segunda-feira, 9 de setembro de 2013

32ª Semana da Temporada 2013


Musicais na Ponte Aérea

São Paulo

Crítica/ A Madrinha Embriagada
Nonsense de um vôo anacrônico aos anos 20
O Teatro Sesi da capital paulista decidiu se integrar à onda dos musicais e convidou Miguel Falabella para dirigir a sua produção no gênero nas últimas décadas. A escolha recaiu sobre um exemplar americano nostálgico e um tanto anacrônico e de prosaico e pouco atraente título. A historieta com apelos nonsense é comentada por narrador que ao situá-la, procura revelar os truques dos musicais, aproveitando os detalhes um tanto absurdos e implausíveis para brincar com os bastidores do espetáculo e os códigos da cena. Tudo com muitas reservas para não ultrapassar os limites dos preceitos do musical, e perseguindo o tom de humor entre malicioso e ingênuo. Falabella adaptou a trama ao teatro paulista dos anos 20, com citações a casa de espetáculo local e a lembrança de atrizes e empresários de nomes evocados. A estética do cenário e do figurino se aproxima tanto das obras de Tarsila do Amaral quanto do filme Voando para o Rio acompanhando épocas próximas nas roupas pinturas de parede dos casarões senhoriais e até em geladeira da década de 50. Essa liberdade de misturar estilos se segue na agilidade com que a direção impulsiona a tênue ação cômica e na agradável e descartável trilha sonora. Apesar do esforço de Ivan Parente, a sua presença como narrador se torna insinuante demais. Stella Miranda repete-se numa chave cômica, mas sustenta bem as canções. Kiara Sasso e Saulo Vasconcelos estão melhores como cantores do que como atores. Ivana Domenyco cria boa figura, enquanto Frederico Reuter é o típico galã. Os padeiros Rafael Machado e Daniel Monteiro fazem dupla divertida. Sara Sarres, além de sua bela figura, é ótima cantora e segura intérprete. Uma atriz com brilho. A montagem, que é oferecida gratuitamente ao público de São Paulo, tem previsão de permanecer em cartaz até junho do próximo ano. É uma grande aposta no sucesso de um musical de características um tanto anacrônicas.                              

Rio

Crítica/ Meu Amigo Bobby 
Sapateando na marolinha do modismo
A moda pegou. Atualmente, os musicais parecem atrair empresários e público com expectativas diferentes. Lançam-se montagens que tentam se aproveitar do fluxo de estréias (este ano, bem menor do que os anteriores) para disputar o mercado com subprodutos do gênero, ao que parece, unicamente para surfar na onda comercial. Meu Amigo Bobby é um bom exemplo desta estratégia fadada ao fracasso na origem. Essa marolinha musical é uma produção da Orquestra Brasileira de Sapateado, que reuniu alguns de seus componentes, utilizou roteiro de Tim Rescala e convidou para a direção Cininha de Paula, o que resultou na montagem em cartaz no Teatro do Fashion Mall. É difícil compreender a coragem de profissionais em assinar tão precária criação, na qual o fiapo de trama, a inexpressividade da trilha musical e a limitação dos atores-sapateadores evidenciam tão-somente relação constrangedora com a plateia. A impressão deixada por tal empreitada, é a de que Meu Amigo Bobby é um ato de voluntarismo artístico de quem deseja estar em cena a qualquer custo e risco, e oportunismo de aderir ao modismo dos musicais de olho no caixa da bilheteria. Será difícil alcançar, minimamente, qualquer dessas intenções.

                                                    macksenr@gmail.com