sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

7ª Semana da Temporada 2013


Crítica/ Edukators
Jovens presos à velha e desatualizada discussão
O filme alemão, da qual versão teatral está em cartaz no Oi Futuro do Flamengo, propõe revisão sobre o ativismo político da juventude nos anos 2000. A rebeldia das gerações às portas da idade adulta é um clássico que se atualiza na medida em que as condições sócio-políticas modificam o contexto para o confronto com o estabelecido. Em Edukators, o cenário é de uma Alemanha com os cofres abastecidos por economia pulsante, que rebate em jovens que contestam os meios pelos quais os mais ricos conseguiram a riqueza. Sem recorrer à violência, promovem invasões às casas, desarrumam cômodos, jogam móveis em piscinas, lançam mensagens e palavras de ordem contra os ricaços, mas sem roubar coisa alguma. Os três jovens que invadem a mansão de empresário são surpreendidos pela chegada do proprietário, e sem alternativas e frágeis em sua fundamentação ideológica, resta-lhes transformar o homem em refém. A partir de então, é estabelecida a contradição entre o trio, que sem saber o que fazer com o prisioneiro, se desestabiliza, iniciando debate sobre a sua prática educativa com o empresário. Esse quadro, que no filme e na sociedade de origem pode atingir maior abrangência, na adaptação teatral desaparece, já que a ambientação se torna secundária e esquecida, reduzindo-se à trama. Por mais que Rafael Gomes, que assina a adaptação e a dramaturgia, siga a estrutura do filme, não consegue aclimatar a narrativa a palpável proposição dramática. Gomes tem dificuldades em dar vitalidade à argumentação rala dos jovens. O diretor João Fonseca explode a montagem, no início, para a área do bar do teatro. Ao transferi-la para a sala de espetáculo, o público mantém-se estimulado pelo cenário de Nello Marrese, que envolve o palco com atmosfera vagamente realista, sustentando um estranhamento visual que parece, neste primeiro momento, ser a marca do espetáculo. Mas o desenvolvimento da ação, apenas reitera velha e requentada discussão, pretensamente ideológica e fragilmente política, e que, ainda assim, pouco ou nada se traduz em cena, a não ser pela indiferença crítica como é tratada pela direção. Os jovens do elenco – Fabrício Belsoff, Natália Lage e Pablo Sanábio – fazem miméticos papéis de jovens. Edmilson Barros fica à distância de qualquer imagem que se tenha de um empresário endinheirado alemão.

                                    macksenr@gmail.com