quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Cenas Curtas


Cortinas se Abrem para Novos Palcos

2013 se inicia com boas perspectivas em relação à inauguração de casas de espetáculos, uma carência grave que tem marcado as últimas temporadas, influindo, decisivamente, na duração das montagens em cena (a média não ultrapassa três semanas) e até mesmo na estrutura de produção (os patrocínios aumentam sem que os espetáculos contemplados tenham condições de encontrar espaços disponíveis para cumprir as datas dos editais). O quadro se mantém com poucas variações, desde que os repetidos incêndios do Villa-Lobos o eliminou do circuito, enquanto o Glória foi demolido na reforma do hotel que levava seu nome. O Copacabana é uma lembrança nostálgica e a postura municipal que obriga os novos shoppings centers a ter um teatro parece que caiu na rede daquelas leis que não pegam. O antigo Fênix que foi derrubado no Centro, transferido para o Jardim Botânico com a promessa de ser ativado, se transformou em estúdio de televisão e hoje se tornou mais um edifício residencial do bairro.
As boas notícias estão chegando devagar, mas de maneira crescente e animadora. Depois de reformado, o Teatro Ipanema se integrou à vida teatral da cidade com programação renovada, e o decadente e tradicional Teatro Serrador está sendo requalificado por uma ocupação extensa e bem planejada. O ex-cine Imperator, no Méier, foi reformado e transformou-se em centro cultural com temporadas curtas de espetáculos já apresentados no centro e na zona sul.
A CAL inaugurou seu pequeno teatro na Glória (são 100 lugares), que foi batizado com o nome de Sergio Britto, com possibilidades de ser palco para produções extramuros da escola de teatro. A livraria Cultura, que foi aberta na área do antigo cinema Vitória, na Cinelândia, repetirá a criação de salas semelhantes existentes em suas outras filiais. No Teatro Eva Herz, com pouco menos de 200 lugares, a programação, muito bem selecionada pelo ator Dan Stulbach, seguirá a mesma linha, e aguarda-se com o mesmo êxito, das escolhas paulistas. Ainda na Cinelândia, o cinema Palácio, com a sua exuberante arquitetura, foi adquirido por forte grupo econômico que promete reformá-lo para adequá-lo às exigências de um teatro. Duas entidades culturais estão ultimando as negociações para reabrir um teatro na Glória e inaugurar outro na Tijuca. A exemplo do que possui em São Paulo, o Bradesco abre este ano seu teatro, com mais de mil lugares, no Village Mall, na Barra da Tijuca. E se repetir o modelo da casa paulista terá programação voltada para os musicais e plateia para mais de mil lugares.

Musicais Continuam como Apostas de Bom Público

2012 foi mais um ano em que os musicais garantiram presença nos palcos e confirmaram suas apostas em boas bilheterias. Na largada dos novos cartazes do gênero, foram herdados da temporada recém encerrada, vários títulos como: Alô! Dolly, Tim Maia – Vale Tudo, O Musical, Milton Nacimento – Nada Será Como Antes – O Musical, Gonzagão – A Lenda e até um exemplar dedicado às crianças, Shrek – O Musical, todos com robusta resposta de público. Já nestes primeiros dias do ano, temos novidades. Rock in Rio, musical escrito por Rodrigo Nogueira, abre a polêmica Cidade das Artes, enquanto A Família Adams chega de São Paulo, depois de meses de casas lotadas. Ainda este mês estreia Ary Barroso do Princípio ao Fim, escrito e dirigido por Diogo Villela. A dupla Charles Möeller e Claudio Botelho, que se transfere para São Paulo para comandar artisticamente                      empresa de divertimento, inicia em março no Rio a temporada de Como Vencer na Vida Sem Fazer Força, o mesmo musical que foi montado por Victor Berbara em 1963, com Procópio Ferreira e a jovem Marília Pêra. E o público adolescente está sendo igualmente cortejado com Tudo Por um Pop Star, musical assinado por Thalita Rebouças. Esta escalada da boa relação entre bilheterias e musicais, asseguram produtores, coloca o Brasil (Rio-São Paulo) na terceira posição no mundo no número de encenações, depois dos criadores do estilo, a Broadway e o West End. Espera-se que o mercado tenha fôlego para manter esse lugar no ranking.

Janeiro Abre a Agenda dos Festivais

A  temporada de festivais de 2013 já começa nos próximos dias. O primeiro deles é O Janeiro dos Grandes Espetáculos, que em sua 19ª edição ocupa os teatros de Recife, Olinda, Caruaru e Arcoverde, do dia 8 ao 27. Na capital pernambucana  serão apresentados 49 espetáculos, a maioria do Nordeste, mas com a participação de montagens de outros estados, como do Rio (O Filho Eterno e Canastrões) e internacionais, vindas de Dinamarca (Odin Theater), Espanha, Itália, Argentina e Coréia do Sul. O Grupo Magiluth, de Recife, apresentará a sua versão de Viúva, Porém Honesta de Nelson Rodrigues e o veteraníssimo Teatro Amador de Pernambuco reviverá o seu êxito histórico de 50 anos, reproduzindo a montagem original de Waldemar de Oliveira de Um Sábdo em 30. E o diretor carioca Moacir Chaves  volta a apresentar a sua encenação recifense de Duas Mulheres em Preto e Branco. O grupo Clown de Shakespeare, do Rio Grande do Norte, faz a estréia nacional de Hamlet, com direção de Marcio Aurélio. É o espetáculo que provoca maior expectativa. A agenda dos festivais marca o próximo encontro em Curitiba, de 26 março a 7 de abril,  quando o tradicional festival da capital paraense completa 22 edições.

                                                   macksenr@gmail.com