segunda-feira, 27 de junho de 2011

26ª Semana da Temporada 2011


E continuam os monólogos


Crítica/ O Filho Eterno

Em direção, e por filtros afetivos,  ao homem definitivo 
O quase pai, à espera da descendência, aos 28 anos, é um escritor sem obra, que está diante do que lhe é desconhecido, declarando-se um homem provisório. O que aguarda está carregado de expectativa, que o coloca no centro de um momento que ele sabe ser transitório. O que virá, com a chegada do filho, está repleto de dúvidas, já que naquele instante de sua vida, tudo parece suspenso. Enquanto a mulher se faz provedora para que possa tentar ser escritor com algum legado literário, sobrevive das expectativas de ainda não concretizar nenhum de seus projetos, de desconfiar de que desejos não passam de ilusões. O filho que chega, o faz lembrar da ascendência, ele que permanece ao abrigo da figura do pai. Ao descobrir o filho, portador de síndrome de Down, o que se mostrava transitório, se faz definitivo. O tempo não é mais matéria ficcional, se torna movimento contínuo, com conquistas difíceis e êxitos restritos, já que há uma manipulação de seu domínio, à partida. Lutar contra a sua inexorabilidade, é inútil. Assassiná-lo com a inconsciência, é atraente. Negá-lo como escudo social, é dissimulação. Viver o que o tempo exige, leva-o a se construir como indivíduo, a se reconhecer como pai. A se fazer um homem definitivo. O percurso de uma paternidade em tempo emocional, matéria pulsante do livro O Filho Eterno, de Cristovão Tezza, adaptado como monólogo por Bruno Lara Resende, é transcrita para o palco com igual força narrativa que o autor imprimiu a seu romance. No teatro, assim como no livro, as duas vozes do personagem, a que conta e a que vive, se confundem na descida progressiva daquele que descobre em si o filho, à princípio, o possível, ao longo da sua interiorização, o amado. A encenação de Daniel Herz trata os vários instantes de dor, angustia, desamparo, humor, tristeza, melancolia com tonalidades cuidadosas para cada uma dessas emocionalidades. Sem buscar o dramatismo, que o original não contém, e distante do sentimentalismo, que o tema pode vir a provocar, o diretor atinge a emoção pela forma como traduz, em despojada linguagem e simplicidade de recursos cênicos, a intensidade interior que emana da arquitetura vivencial de um pai, refletida pelas trincas do espelho filial. A cenografia sem adereços de Aurora dos Campos – painel ao fundo, quase indistinto e duas cadeiras -, é cuidadosamente iluminada por Aurélio de Simoni, um verdadeiro coautor nesta montagem. Charles Fricks confirma, em personagem tão abstratamente real, que se o monólogo não encontrasse adaptação à altura do original, e um diretor com segurança para conduzi-lo com sobriedade, poderia resvalar por truques e muletas de atuação. Fricks, em dosagem refinada dos meios interpretativos, sem recorrer a qualquer clímax e outras bravatas dramáticas, destila apenas os filtros das transformações afetivas por que passa de pai provisório a pai definitivo.        


Crítica/ Rosa

Lembranças pelos caminhos da Terra Prometida
Uma senhora, de cabelos brancos e forte sotaque, acumulados ao longo da vida, iniciada numa remota aldeia da Ucrânia, é acossada por sucessivas perseguições, guerras, perdas familiares, reconquistas, sobrevivência. Tudo sob a égide da violência que conduziu os judeus da Europa a tentar escapar da implacável agressão que marcou sua história no século XX. E que se estende às vivências de fim da vida, como espectadora participante da questão isralense-palestiniana dos dias atuais. O texto do americano Martin Sherman, o mesmo de Bent, acompanha o luto desta mulher pelo que deixou pelo caminho e pelas seguidas fugas à intolerância, na procura da Terra Pometida, que como indivíduo e povo esteve sempre tentando alcançar. Nesta passagem de uma existência, que se confunde com a cultura e história judaicas, o monólogo de Sherman é uma oportunidade para que uma atriz demonstre suas possibilidades interpretativas. O texto generoso em sua carga verbal, afinal perpassa acontecimentos das primeiras décadas do século passado até a do século atual, oferece neste jorro de palavras a possibilidade de projetá-lo com a minudência das lembranças e a intensidade das mudanças vividas pela personagem. A diretora Ana Paz se torna invisível na cena, deixando à atriz o papel definitivo de elaborar a idosa, com os recursos disponíveis da atriz. Essa discreta participação, é a prova do eficiente trabalho da diretora diante de um monólogo, que além de seu caráter psicológico, abrange realidades políticas e culturais mais abrangentes. A camerística encenação, tem ainda no cenário de Hélio Eichbauer, com sua discreta exposição de objetos  e símbolos, e na iluminação sutil de Paulo Cesar Medeiros, os eficientes complementos da montagem em cartaz no Teatro do Leblon. Débora Olivieri, absoluta e íntegra no palco, se reveste da mulher judia com detalhes que transformam a personagem em verdadeira feixe memorialístico. Num trabalho de composição, elaborado em mínimos matizes, do desenho físico ao sotaque, Débora Oiliviei costura atuação minuciosa, mas acima de tudo, sincera.    


O Que Há (de melhor) Para Ver

Crônica da Casa AssassinadaNesta saga de danações, adaptada com a mesma densidade narrativa do romance de Lúcio Cardoso, o diretor Gabriel Villela revigora a sua imagística mineiro-mística com cenário arrebatador na reprodução de portal de igreja barroca e figurinos que envolvem os personagens em lençóis-mortalhas. Montagem de beleza rascante, tem elenco que se harmoniza com vigor a esse culto à putrefação do prazer. Teatro Maison de France.

Um Violinista no Telhado – Baseado na cultura judaica, fixada no microcosmo de uma  aldeia russa, no início do século XX, o musical ganha versão com igual rigor de realização que Charles Möeller e Cláudio Botelho têm mantido nas suas montagens. Com a mesma capacidade de selecionar os elencos, dos protagonistas às crianças, a dupla acerta, uma vez mais, no harmonioso e eficiente coletivo de atores, cantores e bailarinos e na ótima direção musical e na orquestra. Oi Casa Grande.

                                              macksenr@gmail.com  

sexta-feira, 17 de junho de 2011

25ª Semana da Temporada de 2011


A França em Dois Tempos


Crítica/ Cyrano de Bergerac

Coreografia cênica embrulha triângulo de capa e espada
Há muito no teatro, Cyrano de Bergerac é um personagem de sonho para atores que imaginam que, ao interpretar essa figura poetizada pelo romantismo do final do século XIX, se consagrariam e referendariam suas carreiras. Não se sabe se Bruce Gomlevsky, jovem e inquieto ator sintonizado com  a cena contemporânea, se enquadraria neste caso. Como  é o produtor do espetáculo em cartaz no Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil, é incontestável sua atração pelo narigudo adorador de Roxane. Qualquer que tenha sido a motivação de Bruce, procurou se acercar de equipe que tratasse esse drama de capa e espada romântico com vitalidade cênica. Sem cair no risco de restringir os diálogos poéticos do texto de Edmond Rostand, em fluente tradução de Marcos Daud, em condutores para uma narrativa de mera ação, a montagem de João Fonseca estabelece sua própria frequência expressiva. A ambientação de Nello Marrese reveste o palco com telões escurecidos, mesas e cadeiras, que ganham dinâmica cenográfica, desmembrando-se em pontes, torres, estalagens e mosteiros. Esse visual se metamorfoseia, não somente, para as mudanças de cena, mas adquirindo o compasso que o diretor João Fonseca imprime à encenação. Bem ao estilo dos seus espetáculos no início do grupo F...Privilegiados, na década de 90 – muitos atores, ação contínua, massas cênicas em movimentação quase coreográfica  - Fonseca procura agitar a narrativa, sem perder o caráter da palavra. Também não reduz a montagem a demonstração do bom aprendizado de esgrima. Mas esta versão de Cyrano, não levanta vôo, falta-lhe visão mais consistente do diretor, para além da bem comportada e ágil administração coreográfica que embrulha o espetáculo. Perseguindo a correção e a agilidade, João Fonseca se exime de marca mais firme diante do material dramático, seguindo cartilha mecânica de colocar de pé espetáculo sem maiores quebras. O que, talvez, confirme a desconfiança de que a montagem de Cyrano de Bergerac seja mais um projeto de carreira de um intérprete, frente ao qual o diretor se contentaria  apenas em atender a este desejo. Em elenco de 15 atores, com a maior parte deles dobrando ou triplicando papéis, há acentuados desníveis nas atuações. E entre os personagens do triângulo amoroso, Sérgio Guizé sublinha o tom aparvalhado de Christian, Julia Carrera (Roxane) tem início hesitante, e um pouco mais empenhado ao final, e Bruce Gomlevsky, ainda que Cyrano não seja o personagem marcante de sua vida profissional, será, sem dúvida, mais um apontamento exploratório de sua trilha ascendente no palco.           


Crítica/ Retorno ao Deserto

Exilados à procura do espaço de apropriação
Para os exilados, nunca há pátria. Sejam tangidos por guerras, fome ou conflitos emocionais, os que deixam para trás por razões palpáveis a sua origem, lançam-se ao impalpável do vazio. Não há mais lugar para se estar, perdeu-se a geografia, física e afetiva, mergulhou-se no vácuo de um universo sem contornos, interferido pelo passado, mas sem realidade no presente e perspectiva de futuro. O verboso e poético dramaturgo de interioridades à margem, Bernard-Marie Koltès, que morreu em 1989, aos 40 anos, tem obra pequena, mas de intensidade dramática que se estabelece a partir da palavra como refração do detalhe. Em Retorno ao Deserto, em cartaz no Teatro Laura Alvim, Koltès se acerca de personagens banidos da Argélia natal, vivendo numa cidadezinha da província francesa, que se reencontram em encruzilhada de nacionalidades, que a guerra colonial torna ainda mais indistinta, e que a distância cultural aprofunda. A mulher que volta da Argélia para a casa que é sua por herança, ocupada pelo irmão que a divide com a mulher alcoólatra e empregados árabes, não chega a ser abrigo. Nenhum dos ocupantes desse teto provisório, tem qualquer sentido de permanência, a sua presença, interferida por sucessivo desgarrar, fica longe dali, aqui mesmo, mas fora de cada um. A guerra, como diz um dos personagens, é de menor importância, a verdadeira luta está naquilo que cada um pressente como desprendimento de um mapa afetivo sem contorno definido e chão para se fincar. Mas é preciso continuar buscando a terra, alguma terra, a existência precisa de um lugar para vicejar, nem que seja de volta de onde se partiu. Não é sem propósito que o texto se inicia com citação de Ricardo III, de Shakespeare: “Por que os galhos continuam crescendo, quando a raiz secou? Por que as folhas não secam, quando privadas de sua seiva?” Moacir Chaves conduziu essa batalha de irmãos por um espaço de apropriação, que se unem ao final por fastio de pertencimento, ao ritmo dos  balanceamentos da escrita de Koltès. O diretor adota métrica interpretativa que conduz o elenco em tom recitativo e em correspondência aos seguidos monólogos reveladores dos personagens. Chaves coloca, habilmente, o entrecho e o drama em plano secundário, para trazer à frente o fluxo verbal e o movimento circular dos sentimentos incontidos pelo espaço emocional. Os atores – Ana Barroso, Andy Gercker, Catarina Abdalla, Diego Molina, Edson Cardoso, Elisa Pinheiro, Fernando Lopes Lima, Gabriel Gorosito, José Karini, Monica Biel e Peter Boos – em intensidades diversas, assumem a fala discursiva,  quebrando com a necessidade de interpretar a psicologia dos personagens. O cenário de Sergio Marimba, com seus aramados, provoca relativa monotonia visual, que a iluminação de Aurélio de Simoni permeia com funcionalidade. A destacar a música de Tato Taborda.      


Cenas Curtas

Este mês de junho registra impressionantes números na temporada teatral paulista. São mais de 150 espetáculos que disputam espectadores, com teatros ocupados com sessões apenas um dia por semana, alguns com duas, e maioria com três (sextas, sábados e domingos). Essa oferta mais do que generosa, se distribui por comédias (53), stand-ups (9), musicais (6), montagens cariocas (8), entre outras categorias. 

O Rio, com números mais modestos (bem menos da metade da fartura paulista), está mostrando uma temporada mais equilibrada, não só na quantidade, como também na diversidade e qualidade das montagens. Tanto que um dos problemas que as produções estão enfrentando, é o da falta de casas de espetáculos que possam absorver essa produção crescente, o que obriga permanência curta em cartaz (três semanas com quatro sessões, na maioria das vezes, de quinta a domingo).

Com o fechamento do Delfin, Glória, Copacabana, Manchete, Arena, Galeria, BarraShopping, Barra, Mesbla, Santa Rosa e Serrador, não inteiramente compensado com a inauguração de alguns outros, como os teatros de shoppins, que foram construídos em razão de lei municipal, agora esquecida, a carência se agrava com a reforma necessária do Villa-Lobos. Mas há alguma esperança de melhora. A Funarte prevê a reabertura do Teatro Dulcina para agosto, enquanto a sobrevivência do Tereza Rachel parece assegurada com remodelação e nova administração.                         

O próximo mês de julho, promete muitas estréias, como a adaptação do romance de Rodrigo de Souza Leão, Todos os Cachorros São Azuis (dia 9 no Planetário), o musical noir Outside (dia 1° no Espaço Tom Jobim), mais um texto de Jean-Luc Lagarce, As Regras da Arte de Bem Viver na Sociedade Moderna. Para agosto (dia 4 no Teatro Maison de France) anuncia-se o musical Emilinha e Marlene – As Rainhas do Rádio, de Tereza Falcão, com Solange Badin, como Marlene, e Vanessa Gerbelli, como Emilinha. A produção, na venda dos ingressos, perguntará ao espectador a que torcida pertence: os marlenistas ficarão nas poltronas ímpares, e os emilinistas, nas pares.   



                                     
O Que Há (de melhor) Para Ver

Imagem de uma saga de danações
Crônica da Casa AssassinadaNesta saga de danações, adaptada com a mesma densidade narrativa do romance de Lúcio Cardoso, o diretor Gabriel Villela revigora a sua imagística mineiro-mística com cenário arrebatador na reprodução de portal de igreja barroca e figurinos que envolvem os personagens em lençóis-mortalhas. Montagem de beleza rascante tem elenco que se harmoniza com vigor a esse culto à putrefação do prazer. Teatro Maison de France.

Um Violinista no Telhado – Baseado na cultura judaica, fixada no microcosmo de uma  aldeia russa, no início do século XX, o musical ganha versão com igual rigor de realização que Charles Möeller e Cláudio Botelho têm mantido nas suas montagens. Com a mesma capacidade de selecionar os elencos, dos protagonistas às crianças, a dupla acerta, uma vez mais, no harmonioso e eficiente coletivo de atores, cantores e bailarinos e na ótima direção musical e na orquestra. Oi Casa Grande.

macksenr@gmail.com

domingo, 12 de junho de 2011

24ª Semana da Temporada 2011


Contracena de autores brasileiros


Crítica/ Crônica da Casa Assassinada

Ritual místico-mineiro de Gabriel Villela na reafirmação da sua estética
Lúcio Cardoso, quando escreveu a crônica de família mineira, visitada por alguém que provoca a circulação de recônditos suores interiores, identificando através de subjetividade afogada na repressão dos desejos, imprimiu atmosfera épica-trágica-melodramática à narrativa em planos temporais alternados e formas descritivas variadas. Para capturar a introjeção de pulsões pecaminosas, a declinante exposição da caverna de almas atormentadas por paixões interditas, Lúcio Cardoso desatou os laços familiares profundos, construídos por religiosidade asfixiante e desvãos de sentimentos ensombrados pelo impulso das sanções. O que está escondido pela superfície do compromisso social, desmorona com a vinda de uma mulher que ocupa todos os cômodos deste escombro familiar, numa ruína em que nada escapa à decomposição, em que “a infelicidade é necessária”, e que os personagens se referem a si como quem apodrece. Neste  “enredo de enigmas”, cada um parece criar a sua própria existência e onde “ não há triunfo sem pecado”. Na saga de danações, a transgressão se afirma como culpa e pecado, fincada em interioridade convulsionada por  religiosidade carnal. É o que o romance de Lúcio Cardoso condensa de maneiras diversas – diários, cartas, desabafos – em caudaloso debruçar sobre almas que se confessam em culpa, vividas através de suas de ressonâncias bíblicas. A adaptação de Dib Carneiro Neto destaca em afinada síntese os pontos atritantes  deste rito de descida aos infernos, alcançando  síntese dramática que espelha a atmosfera do romance, se apropriando da sua densidade narrativa. A transposição para o palco se debruça, a tal ponto, na obra de Cardoso, que não é preciso mais de que uma hora para que o espetáculo, em cartaz no Teatro Maison de France, se realize. Gabriel Villela, dispondo deste material dramatúrgico e no confortável exercício da sua imagística místico-mineira, inflou-o de imagens poderosas e de interpretação distanciada, duas das suas mais recorrentes obsessões de encenador. A visualidade, sempre impositiva e integrante indissociável da linguagem cênica de Villela, e que algumas vezes em suas montagens devoram os demais elementos, em Crônica da Casa Assassinada se revigora. Arrebatador, e belamente sufocante, o cenário de Márcio Vinícius (um portal de igreja barroca mineira, que se transforma em oratório, e uma extensa mesa, cama para tantos desejos, e altar  para ceia familiar e sexual) e os figurinos de Gabriel Villela (símbolos católicos de rituais de vida - um Cristo jardineiro - e de morte -  panejamento que se torna, ao mesmo tempo, lençol e mortalha) – ,ao lado da trilha sonora (óperas, boleros, cânticos) e da iluminação de Domingos Quintanilha, que tornam a montagem de Villela um encontro depurado do diretor com sua estética. Além desta beleza rascante, a atuação do elenco – Xuxa Lopes, Cacá Toledo, Hélio Souto Jr., Letícia Teixeira, Marco Furlan, Maria do Carmo Soares, Pedro Henrique Moutinho, Rogério Romera e Sérgio Rufino – se harmoniza tão absolutamente com esse culto à putrefação do prazer.        
 

Crítica/ Gimba – Presidente dos Valentes

Silvio Guindane e Antonio Pitanga em busca do realismo esquemático
Esse texto de Gianfrancesco Guarnieri é de 1959, escrito logo depois da explosão de Eles Não Usam Black-Tie, que prenunciava, então, as melhores qualidades do autor. Mas ao contrário da peça de estréia de Guarnieri como dramaturgo, Gimba já apresentava problemas, ainda que continuasse na tendência do autor pelo estabelecimento  de uma dramaturgia política, que pretendia ser interveniente na consciência do espectador sobre  realidade social injusta. Havia muito de maniqueísmo na forma como encenar essa indignação e de como instigar reações que, ingenuamente, pudessem provocar mudanças. A favela por onde circulam personagens estereotipados está povoada pelo malandro de bom coração, pela mulher que se prostitui para sobreviver, pela macumbeira que explora o desespero dos miseráveis, pela polícia corrupta e pela inevitabilidade do destino dos jovens, incapazes de escapar do círculo perverso da marginalidade. O teatro e a época em que estreou o Presidente dos Valentes, apontavam para transformações das quais o texto pretendia ser uma das vertentes. Mas, 50 anos depois, o teatro e a favela são outros, e a remontagem de Gimba, como pode ser vista no Teatro Sesc-Ginástico parece, no mínimo, anacronismo. As motivações que levaram Guarnieiri a escrever esse libelo podem até mesmo se manter inalteradas, mas o peso de injustiças sociais e os meios de combatê-las não encontram nos palcos o melhor veículo para debate e confronto. O diretor Caíque Botkay compreendeu a extensão dos limites do texto e registrou a passagem do tempo, tanto que, ao lado de Paulo Lins, atualizou a narrativa, em especial no segundo ato. Mas a intenção apenas acentuou os problemas do original e ampliou o descompasso do tempo, deixando visível a fragilidade no traço carregado dos tipos e na inconsistência e pulverização melodramática da trama. Indefinido como musical – os números de dança do início e algumas outras coreografias ao longo do espetáculo, não o caracterizam com exemplar do gênero -, com cenário muito pouco inventivo – transmite visualidade que intenta fixar elementos das comunidades, mas sem qualquer recriação das imagens -, e interpretações irregulares – Silvio Guindane, Cintia Rosa, Paulo Mathias Jr. e Antonio Pitanga procuram dar alguma naturalidade a personagens de realismo esquemático -, a esta remontagem de Gimba resta o registro de dramaturgia e de época condenadas aos anais da história.                 


Crítica/ O Gato Branco

Compilação policial no rastro do assassino original
Jô Bilac, autor de O Gato Branco tem indisfarçável vocação para se apropriar de gêneros – do estilo narrativo de Nelson Rodrigues (Cachorro) ao cinema (Rebu) – que transportou de maneira mais bem sucedida em  Savana Glacial, de que em outras com menor eficiência. Neste novo texto, em cena no Espaço Cultural Sérgio Porto, Bilac foi à fonte das narrativas policiais e com a habilidade de leitor voraz de tais tramas, reproduziu-as e condensou-as para o palco. Assim, este Gato ganha sete vidas inspiradas em Agatha Christie, em roteiros de filmes policiais, que nos fazem relembrar Os Sete Suspeitos, Assassinato por Morte e Convite à Morte, indo buscar o fôlego dramático nessas referências, quase citações diretas, nesta compilação de tantas e tão conotadas tramas. Para os fanáticos por enredos policiais, o roteiro de vários casos já lidos, evidencia a falta originalidade. Para os que se interessam pelo gênero como leitura de saguão de aeroporto, parecerá igualmente repetitivo. Não importa muito que os diálogos também reproduzam o estilo do que se encontra nos romances e filmes, muito menos que a arquitetura da trama conduza para a possibilidade de mais de um final, e que a dúvida seja o desfecho previsível. Será que a platéia ficará mobilizada para descobrir quem matou e por que? João Fonseca armou esse material requentado de maneira algo jocosa, como um filme no qual o reward  é acionado como num retrocesso de imagens. A montagem, dividida em inúteis dois atos, insiste em se explicar continuamente, acompanhando a reiteração dos acontecimentos. Num cenário de Nello Marese, que distribui planos alternados para desenhar um barco, com figurinos das atrizes um tanto desequilibrados de Mareu Nitschke e com luz de Daniela Sanchez e trilha sonora, como se espera para fixar supostos momentos de suspense, de André Aquino e João Bethencourt, O Gato Branco distribui os sete personagens por um elenco com desníveis interpretativos. Enquanto Camilo Bevilacqua tem atuação linear e Pablo Falcão consegue dar alguma veracidade ao michê postiçamente articulado, Paloma Duarte assume, com variantes irregulares de tom, a professora, e Luciana Magalhães não realiza, como parece pretender, a caricatura da mulher histérica. Bruno Ferrari e Fernanda Nobre se mostram algo apagados, e Leandro Almeida compromete com interpretação inexpressiva.                 


Cenas Curtas

A 43ª edição do Festival Internacional de Londrina, que se estende até o dia 26,  reúne 12 espetáculos internacionais e 35 nacionais, numa programação que traz alguns espetáculos cariocas (Devassa, Savanah Glacial, Tatyana, Antes da Coisa Toda Começar), de Curitiba (Antes do Fim), Porto Alegre (O Animal Agonizante), de Natal (Sua Incelença, Ricardo III) e de Belo Horizonte (Tio Vânia - Aos Que Vierem Depois de Nós). Entre os internacionais, se destacam as montagens de países do sul do continente: Argentina (Amar), Chile (Chef) e Uruguai (Cuestion de Princípios). Da China, a organização do Filo, a mostra mais continuamente duradoura do país), escolheu os marionetes do Yeung Faï (Hand Stories), e de Portugal, a adaptação teatral de filme de Ingmar Bergman (Persona). Parte da programação internacional do festival será apresentada em São Paulo e Brasília, através da Mostra Internacional de Teatro do Centro Cultural Banco do Brasil. Este ano, a sede do Rio do CCBB ficou de fora. É pena.     

Com Um Violinista no Telhado, recém-estreado no Oi Casa Grande, Charles Möeller e Claudio Botelho já preparam as próximas produções. Em fase de ensaios, a comédia musical As Bruxas de Eastwick, baseada no romance de John Updike e no filme homônimo, estréia em agosto no Teatro Bradesco, em São Paulo. No elenco estão: Eduardo Galvão, Maria Clara Gueiros, Kacau Gomes, Renata Ricci, Fafy Siqueira, Renato Rabelo, André Torquato e Clara Verdier. Para outubro, no Rio e no Oi Casa Grande, a operosa dupla estréia Judy, O Fim do Arco-íris, musical biográfico sobre Judy Garland na fase declinante de sua carreira. No papel da atriz de o Mágico de Oz, Claudia Netto. 

No dia 29 serão conhecidos os vencedores do Prêmio de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, em festa no Teatro Municipal. Ao todo são 54 os indicados em 18 categorias. No setor teatral, os destaques são o grupo Contadores de Estórias, de Paraty, dirigido por Marcos e Rachel Ribas, fundado há 40 anos; a Cia. Nossa Senhora do Teatro, de São João de Meriti, que foi criada em 2003, a partir da oficina de leitura dramatizada, coordenada por Fernanda Montenegro, e que atua na área de teatro-educação; e Pedro Brício, autor, ator e diretor, que na temporada passada teve dois de seus textos encenados: A Comédia Russa e Me Salve, O Musical.   

Em temporada portuguesa – Lisboa e Porto – o Centro de Pesquisa Teatral do Sesc paulista, dirigido por Antunes Filho, apresenta Policarpo Quaresma e Lamartine. A adaptação teatral do romance de Lima Barreto, que Antunes recriou com arrebatado tempero de ufanismo, que tão bem traduz o nacionalismo cego do personagem, revisita as questões deste país em permanente fricção com a sua autonegação identitária. Já Lamartine, com direção de Emerson Danesi, percorre a obra musical do compositor, trazendo em outro plano expressivo e através de Lalá, as referências à nacionalidade. Ambas as montagens, que estão sendo vistas em Portugal, permanecem inéditas no Rio.   


O Que Há (de melhor) Para Ver

Um Violinista No Telhado - Baseado na cultura judaica, fixada no microcosmo de uma aldeia russa, no início do século XX, o musical ganha versão com igual rigor de realização que Charles Möeller e Cláudio Botelho têm mantido nas suas montagens. Com a mesma capacidade de selecionar os elencos, dos protagonistas às crianças, a dupla acerta, uma vez mais, no harmonioso e eficiente coletivo de atores, cantores e bailarinos, e na ótima direção musical e na orquestra. Oi Casa Grande.

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terça-feira, 7 de junho de 2011

Palco Nostálgico

Memória de Flávio Império

Livro/ Flávio Império

Artesão da estética da escassez
Da Coleção Artistas Brasileiros, Flávio Império, livro organizado por Renina Katz e Amélia Hambúrguer (Edusp) é uma boa oportunidade, ao lado da exposição no Itaú Cultural sobre o cenógrafo e artista plástico, morto em 1985, para rever a obra e os conceitos desse criador paulista. Reunindo a produção para o teatro e artes plásticas de Flávio, a publicação perpassa três décadas de uma  “energia especial”, como o denominou Gianni Ratto na introdução-homenagem a Império na edição de Antitratado de Cenografia: Variações Sobre o Mesmo Tempo (Editora Senac):  “Ele nos faz pensar nos grandes artífices da Renascença: homens-artistas-artesãos que dominavam um leque de atividades complexas e cuja dimensão era a resultante de um esplêndido instinto criador aliado a uma intuitiva postura crítica”. Império buscava a sintonia com os meios de produção de uma arte exercida no precário. O artesanal na cenografia de Flávio Império foi exercitado menos pela necessidade de contornar a limitação de recursos, e mais como linguagem com valor intrínseco. A escassez, como observa a crítica Mariângela Alves de Lima no ensaio contido no livro é, em si, “um problema expressivo”. A consciência de Império de que não inovou nada no plano internacional, é uma constatação,  que antes de servir à modéstia, demonstra que atualizou “vários conceitos aqui na província”. Para concluir que conseguiu, “com produções paupérrimas, um nível de realização extremamente sofisticado”. Para alguém que trabalhava com tão parcos meios, Flávio Império aprendeu a considerar essencial “haver, no palco, um respeito pela ótica da fantasia, que é exigida pelo espectador, e isso eu aprendi com o cenógrafo Svoboda.” Nos depoimentos reunidos por Maria Thereza Vargas, a invenção cenográfica de Império se delineia o alcance da visualidade na gênese do espetáculo. “Aprendemos que o teatro é o que se quiser que ele seja. Ele não preexiste.”  Flávio Império toca, deste modo, na profunda zona da criação, no espaço do papel em branco, no palco nu, no ator construindo a interpretação. “Além da ribalta não há separação entre ficção e realidade, sonho ou fantasia e verdade.”    

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sábado, 4 de junho de 2011

23ª Semana da Temporada 2011


Dramaturgia original e adaptada


Crítica/ Diários do Paraíso

Dois tempos de um personagem com lembranças amazônicas
Caio de Andrade, autor de Diários do Paraíso, desenvolve sua escrita dramatúrgica em torno da vida brasileira em manifestações relacionadas a fatos históricos, personalidades várias e uma certa vida interiorana brasileira. Seus textos – Os Olhos Verdes do Ciúme, Deserto Iluminado, e Geringonça – ressoam esse mundo passado. Na montagem, em cartaz no Teatro do Leblon, não é muito diferente. Reúne um núcleo de personagens, que emigra dos Estados Unidos para a Amazônia, nos anos 30, e um deles, na idade madura, relembra a aventura da transposição da efervescência de Nova Iorque para os choques do contato com a floresta. A vida antes da chegada, os desajustes da aclimatação e a realidade das lembranças se misturam em simultaneidade temporal. Mas a história não absorve as suas próprias condicionantes, incapaz de criar atmosfera que, efetivamente, envolva as diversas culturas (a judaico-americana e em menor escala o imaginário amazônico). Mas o maior problema se revela na direção de Caio de Andrade. Com cenário de Sérgio Marimba que esboça um espetáculo que não acontece, as atrizes Fernanda Thuran, Klaís Bicalho e Monique Deboutteville se revelam um tanto aquém das suas já frágeis personagens. Os atores Jaime Leibovitch e Ray Lucas, este se ajustando fisicamente ao personagem, desempenham um tanto melhor os dois tempos de um mesmo personagem.    


Crítica/ Lição N° 18 – Romeu e Julieta

Figurinos desiguais entre tempos de criação

Doc Comparato pertence a geração de dramaturgos que procura a permanência da sua escrita e a construção de uma obra. Cada texto tenta fixar as possibilidades de transcendência da sua vigência no tempo, para em conjunto formar reflexão pessoal sobre o mundo e a época em que vivem. Na dramaturgia de Comparato – Nostradamus, Michelangelo, Círculo de Luzes – essas ambições aparecem como busca em personagens históricos e no passado formas de ver a existência. É o que, de certa maneira, se repete em Lição N° 18 – Romeu e Julieta, em cena no Teatro Poeira. Para tanto, recorre a referência inspiradora de Shakespeare para escrever a tragédia do casal de Verona em paralelo ao roubo da seiva criativa de escritor em crise. A narrativa avança entre esses  pólos, com o desfecho de Romeu e Julieta coincidindo com a morte de qualquer esperança do autor de atingir a posteridade. Como no desencontro dos jovens, condenados pelo destino fortuito, o dramaturgo enterra à luz de velas o seu fúnebre fracasso. Neste réquiem de uma carreira frustrada, Doc Comparato alterna a dupla história, pedindo emprestado, sem muita convicção, a trama de Shakespeare, mas o que o texto projeta de mais instigante é o declínio da ímpeto da criação. Acrescente-se a muleta dramática do casal, uma certa desordem  e indefinição dos meios cênicos, que revelam os desequilíbrios e truques, quase clichês, da narrativa. A montagem de Lucas Marcier não contornou os problemas, ampliou-os. Não há  adequação de humor à temperatura hesitante do dramático, ao ponto de o quarteto de atores – Bel Garcia, Thierry Tremouroux, Bianca Comparato e Fabrício Belsoff – se dispersar em interpretações desiguais, com momentos explosivamente postiços.  Parte do descompasso dessa encenação, que começa pela autoria, passa pela direção e atinge o elenco, recai sobre a estranha concepção do figurino, assinado por Rita Comparato.


Crítica/ Bartleby, O Escriturário

Indefinição de padrão cênico cria híbrido burocrático
A origem literária não é restritiva para a adaptação para o palco de romances, contos e poesia. Para atingir a expressão cênica é necessário que a adequação à  linguagem teatral estabeleça correspondência, mais ao espírito do original, do que qualquer forma escolhida para trazê-la à cena. Bartleby, transcrição da narrativa de Herman Melville, que pode ser vista na Casa de Cultura Laura Alvim, é fiel na medida em que se aproxima no plano da linguagem do meio inspirador. Expositiva, com um narrador que descreve a progressão da negativa como impulso para a desorganização da vivência burocrática, se conserva na montagem de João Batista, que assina adaptação e direção. Sem se desviar do original - e esta não é uma questão de sustentar a fidelidade de maneira mimética -, Batista inscreve em crescente dramático a repetida frase com que o personagem título desestrutura o que está organizado, utilizando-se da reiteração para desarrumar certa ordem social. Pelo não, Bartleby aponta as fraturas do sim. À ordem, segue-se a desordem. Da pretensa sanidade, a possível loucura. Do impulso, à imobilidade. Essa ambiência pode até estar, em fragmentos, na encenação, o que não é suficiente para estabelecer padrão estilístico definido. O personagem é recebido pela platéia como algo risível, os colegas de escritório como bonecos de uma pantomima, a rejeição de Bartleby da realidade como uma bizarrice de comportamento. O diretor até tenta uma intervenção que desenhe algum contorno, mas resta somente um híbrido do literário, e um esfacelamento do cênico. Cláudio Gabriel (com intensidade interpretativa que parece impelida pela necessidade do ator se destacar), Eduardo Rieche (levando a mecanização física ao robotismo) e Rafael Leal (um pouco saltitante demais) são os contrapontos para a rotineira narração de Duda Mamberti e para a figura esboçada fisicamente por Gustavo Falcão. O que este algo frustrado espetáculo tem de mais inventivo, está na cenografia geométrica de Dóris Rollemberg.     


Crítica/ Hell

Dramatização chique
Procurar na estante, material para levar ao palco, algumas vezes é apenas um movimento de transporte. Hell, que ocupa o palco do Teatro dos Quatro, foi retirado do livro da francesa Lolita Pille, que faz da personagem, uma burguesa cheia de excessos consumistas (de roupas, drogas e dinheiro), versão neo-dramática de Eu, Christiane F., 13 anos, drogada, prostituída, livro-depoimento, best-seller  na década de 80. A mea-culpa da moçoila que se mostra consciente da sua inconsciência, que critica a sua origem e compulsão a tudo que conduza à banalidade e à vacuidade de cotidiano de festas, sexo e aditivos químicos variados, é de um moralismo de fachada e falso invólucro de romance de geração. Ao que se pode acrescentar pitadas do politicamente incorreto e algum romantismo fora de lugar e de tempo. Se o material literário é inconsistente, a adaptação ao teatro não é menos. Todo narrado, com as cenas seccionadas como capítulos, os adaptadores Marco Antonio Braz e Hector Babenco (também diretor) demonstram ser pouco sensíveis às fontes vivas do palco. Acentuam-se os problemas desta versão, nos cortes que, eventualmente, poderiam funcionar melhor numa projeção dramática audiovisual, mas que, positivamente, sucumbem numa montagem teatral. O acender o apagar da iluminação, o tira e bota do figurino, os black-outs alongados que impedem que o espetáculo ganhe ritmo, enquadram Hell no limbo das aparências e da superficialidade de imagens. Paulo Azevedo tem discreta e apagada presença, ao contrário de Bárbara Paz, que exibindo roupas grifadas e uma dramaticidade chique, imprime tensão muito marcada, que acaba por torná-la exteriorizada.    


Cenas Curtas

A presença do cenógrafo paulista Flávio Império (1935-1985) na vida teatral da cidade está registrada na mostra do Itaú Cultural. Além de sua produção de cenários, os trabalhos de arquitetura e artes plásticas, ao lado de exibição de documentários também podem ser vistos na sede do Itaú, na Avenida Paulista. Para quem quiser visitar a exposição à distância, basta acessar www.itaucultural.org.br.

Moacir Chaves, que no início do ano lançou com Labirinto, seleção de textos de Qorpo Santo, a Alfândega 88 Cia. de Teatro, e dirigiu A Lua Vem da Ásia, com Chico Diaz, volta aos palcos cariocas com a estréia de Retorno ao Deserto, do francês Bernard-Marie Koltès, na Casa de Cultura Laura Alvim. Para o segundo semestre, com o elenco da Alfândega, Chaves encena Negra Felicidade.

João Fonseca é outro diretor com ativa produção nestes primeiros seis meses do ano. Depois de R&J  de Shakespeare – Juventude Interrompida, estréia duas novas montagens. No Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil assina versão de Cyrano de Bergerac, e no Espaço Sérgio Porto, O Gato Branco, texto de Jô Bilac. Até o final da temporada, João planeja outras estréias. A próxima, um musical sobre Ary Barroso.


O Que Há (de melhor) Para Ver

Harmonioso elenco canta aldeia russa
Um Violinista No Telhado - Baseado na cultura judaica, fixada no microcosmo de uma aldeia russa, no início do século XX, o musical ganha versão com igual rigor de realização que Charles Möeller e Cláudio Botelho têm mantido nas suas montagens. Com a mesma capacidade de selecionar os elencos, dos protagonistas às crianças, a dupla acerta, uma vez mais, no harmonioso e eficiente coletivo de atores, cantores e bailarinos, e na ótima direção musical e na orquestra. Oi Casa Grande.

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